Ana Salgueiro Teatro - Aveiro

domingo, 5 de outubro de 2014

O Café de Fassbinder - GRETUA 1990

Este foi certamente o meu papel mais arrojado, e a peça mais incrível e mais experimental em que tive o privilégio de participar.

O café, de Rainer Werner Fassbinder / GRETUA - Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro. - Aveiro : GRETUA, [1990]. - 1 cartaz : color. ; 68x48 cm

Num mundo pós apocalíptico, num bunker, eu representava uma prostituta quasi-cibernética, vestida como uma espécie de pipi das meias altas, figurino concebido pelo Pedro Andrade. Este papel levou-me a rapar o cabelo e a pintá-lo de louro platinado, a pedido do encenador. Só arranjei coragem no último momento, na véspera da estreia.

Mas ainda bem que o fiz.

João Paulo Costa dos antigos Comediantes do Porto encenou. Trabalho fantástico, mesmo.

O palco era um gradeamento em ferro sobre um lago criado artificialmente nas catacumbas da Universidade de Aveiro, no qual era difícil o equilíbrio. Entre outras músicas o Klaus Nomi encoava, numa das cenas mais fortes, simulação estilizada do acto sexual https://www.youtube.com/watch?v=p_w5yNDRJKs, criando uma imagem e um jogo de sombras muito belos.

Os ensaios de preparação, antes do texto, foram muitas vezes ao som do Nick Cave, em canções como Tupelo.

Entravam a Claudia Stattmiller, o Miguel Coutinho, o Paulo Moreira, o João Brás, o Paulo Correia, o José Vaz Simão, a Teresa Grancho, ahhhhhhhhhhhhhh GRETUA daquele tempo.

O José Vaz Simão, presente nesta foto, morreu alguns anos depois num acidente de mota, quando já era um jovem e promissor actor da Escola da Noite, em Coimbra. Foi um dos actores mais incríveis que já passaram pelo GRETUA. Um pequeno monstro de palco.




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