Ana Salgueiro Teatro - Aveiro

terça-feira, 21 de julho de 2020

O bicho do Teatro é o mais poderoso!



Há já algum tempo que não atualizo este Blog.

O tempo passa vertiginoso e as coisas acontecem a grande velocidade. É a vida. E o tempo.

Mas o TEATRO tem o condão de fazer parar o tempo dentro de nós, esticá-lo e, com jeito, torná-lo infinito.

E essa vertigem é também a do tempo, que se fixa num outro tempo, num outro lugar de memória(s) e/ou de coisas ainda por acontecer.

O Teatro é um sítio para dentro do qual se vai, com prazer, para descobrir coisas novas e para matar saudades dele e de nós dentro dele. E para dizer coisas através dele. Cria-se esse espaço e esse tempo sempre que possível e necessário. Mas acontece que depois tem de se ir a correr para outro lugar e falta o tempo para contar como foi.

E nos últimos três anos, por entre a orientação das turmas de teatro de jovens e adultos da Escola Musa, teve de existir o tempo para fazer um Pós Graduação em Práticas Artísticas e Comunidades na ESMAE, Porto, logo seguida de um Mestrado em Artes Cénicas, especialidade em Encenação e Interpretação, também na ESMAE, Porto.

Ainda bem que assim foi, porque se abrem novas perspetivas de trabalho e de ligação entre todas as áreas profissionais onde me movo, porque isto anda tudo ligado, já se sabe.

O entusiasmo é grande, sempre, e não há bicho que lhe pegue.

De cabeça, nos últimos dois, três anos, o que marcou mais?

De fim para o princípio pode ser?

Novembro 2019:

A Alexandrina, trabalho final de mestrado, escrito, encenado e interpretado por mim ('Alexandrina, um Lugar Comum').
Uma viagem pelas minhas memórias mais marcantes de teatro, enquanto atriz (desde 1986 Gretua, Efémero até 1997) mas sem ninguém saber, pois todos esses momentos foram incorporados na voz da Dona Alexandrina - uma senhora já de idade, viúva, que anda de bicicleta e de autocarro e que ainda faz limpezas na cidade - e transformados em momentos de uma outra personagem. A Alexandrina entrou para o teatro nos tempos livres e por isso agora tem muitos sonhos e imagina muitas histórias. A sua imaginação nunca mais parou e até anda a escrever um livro. Tem muitas reivindicações a fazer. E assim foi, transformei as minhas memórias nas memórias e nos sonhos da Dona Alexandrina.

Nunca tinha tido um '20 valores' na minha vida e aconteceu com esta tese, que inclui este espetáculo e o seu relatório. Vale o que vale, mas é muito bom, sobretudo vindo de uma boa escola. Aprendi muito com bons professores e com a minha orientadora, a Sónia Passos, uma amiga que me ensinou novos caminhos nesta arte social! Também foi muito importante nesta jornada a colaboração da Musa e da Efémero e a música original do Diogo, que aparece nas fotos.





















Em Junho e Julho de 2019, os dois trabalhos finais das turmas de jovens e adultos, ambos apresentados na Efémero:

Com a turma dos jovens: 'Alice do Outro lado do Espelho' de Lewis Carrol
Com a turma dos adultos: 'Ascenção e Queda da Cidade de Mahagonny' de Beltolt Brecht

Fotos de 'Alice do Outro lado do Espelho' de Lewis Carrol, A Musa na Efémero em junho de 2019:

































Fotos de Mahagonny, de Bertolt Brecht, a Musa na Efémero, julho de 2019:
































































E ainda um trabalho escrito, programado e realizado em fevereiro de 2019 para a ASPEA sobre espécies invasoras, com uma ajudinha da Musa e da Helena Luíza nos fantásticos chapéus. A Andreia Silva e a Daniela Cardoso foram as atrizes :







O trabalho final da turma de adultos de 2018/2019 em julho de 2018, uma criação coletiva com base nas memórias deles:






















E o trabalho das crianças e dos jovens desse ano, 2018, a partir respetivamente, de um livro de Afonso Cruz, 'Os Direitos das Crianças' (grupo das crianças) e de um texto escrito por eles sobre violência na escola (grupo dos jovens):






















E no ano de 2018, o trabalho final da Pós Graduação em Práticas Artísticas e Comunidades da ESMAE, com um grupo de 'amantes' do Bairro da Beira Mar em Aveiro, no CETA:


































Enfim, tanta coisa que aconteceu nestes últimos dois/três anos, tudo encaixado numa outra vida.

É assim desde que cheguei a Aveiro. Esta cumplicidade com tanta gente boa nesta terra maravilhosa e esta duplicidade da minha vida que ainda não me cansou.

E a seguir? tantos projetos!

Continuar com as turmas da Musa (turmas de teatro para crianças, jovens e adultos) com a colaboração da Liliana Caetano, e continuar outros trabalhos (em preparação) com um punhado de amigos. Como atriz ou como encenadora ou como dinamizadora.

Quem disse que não devemos voltar aos lugares onde fomos felizes?

Com tempo, contarei as pequenas e grandes histórias dentro desta história.