Ana Salgueiro Teatro - Aveiro

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mais Teatro e Expressão Dramática para crianças na MUSA

As crianças são surpreendentes quando conseguimos coordenar o seu ritmo com os objetivos da aula.

Vão para além das expetativas, ultrapassam-se a elas próprias e nós vemo-las crescer, ali, à nossa frente.

O trabalho fino e repetitivo dos exercícios dramáticos tem vindo a transformar este pequeno grupinho.

Estão alerta, atentos (mas nunca deixam de brincar).

A liberdade que eles transmitem é a um tempo cansativa (porque dá trabalho coordenar) e inspiradora (porque é totalmente espontânea). Adoro.

Começámos a trabalhar um texto sábado passado na Musa.

Um texto dramático, uma peça de teatro.

E eu não queria acreditar.

A seriedade e concentração com que o fizeram foi surpreendente!

Vamos continuar ao longo do ano que isto promete muito.

A ideia é construir um espetáculo em que qualquer novo aluno se pode inserir, mesmo que chegue depois ou mais tarde.

E o texto é fantástico.

Apareçam! Sábados, das 12:15 às 13:15, na Musa!

















terça-feira, 14 de outubro de 2014

Alice - GRETUA 1992

E depois veio a Alice, em 1990.

Uma grande produção do GRETUA, magnífica. Uma encenação do Pedro Wilson, louco como nós éramos. Mas de ideias precisas e belas. Os cenários eram magníficos, concebidos  pelo Pedro Andrade. Muito trabalhámos nós Greturianos ou Greturienses naqueles cenários. Lembro-me que o Pedro Wilson queria um porco leitão vivo. Mas não era possível tal façanha por muito boa vontade que tivéssemos. Acabámos por fazer o animal em esponja. E lembro-me de estar a cortar uma esponja e cortar um dedo. Fui parar ao hoispital de Aveiro e levou-me a São, esposa do Vitor Correia, que faleceu há uns anos de doença prolongada. Era uma grande mulher. Lembro-me dela comigo no hospital com aquele ar calmo e brincalhão a dizer-me....ai Ana estás tão branca.... e ria-se comigo e dapois de uns pontos e mais alguns risos aquilo passou.
Foi montado no auditório da fundação Calouste Gulbenkian. Entrava um montão de gente gira, incluíndo o Miguel, o Zé, a Hermínia (que atriz é aquela Hermínia meu Deus), a Eduarda. O Carlos Pedro ajudava nas luzes e o João Margalha também andou por lá. O Manuel tratava das fotos.

E eu fazia uma Alice um bocadinho deslavada, mas apaixonada por aquele mundo, imaginário louco de sonhos e adolescência. Tive direito a um poster de foto magnífica, pequena memória de vaidade e prazer de ter feito parte de tão bonito espetáculo.

A peça terminava comigo a olhar para o público, na mesa, já acordada do sonho. No final de um dos espetáculos, o Zé Geraldo veio ter comigo e disse: Ana, para mim o melhor momento foi aquele teu olhar no final do espetáculo. Fiquei contente, porque ele viu. Ele viu.



























sábado, 11 de outubro de 2014

“A Fera” – 1989, GRETUA

“A Fera” – 1989, de Charles Marowitz a partir de “A Fera Amansada” de Shakespeare, com encenação de Isabel Alves. Tenho pena de não ter ficado com mais fotos desta peça, creio que na altura me ofereceram apenas aquelas onde eu tinha mais destaque. A primeira é dos ensaios, vê-se o José Vaz Simão a tirar-me uma foto no espelho.






As outras são dos dois pequenos momentos 'altos' que tinha, um a ser castigada pela irmã, a Cláudia Stattmiller, e outro a 'castigá-la'. Nunca me senti bem, nem no primeiro registo, nem no segundo. Claro que vestir aquele vestido vermelho, era outra coisa. 
As cenas só com homens eram fantásticas, muito 'Era uma Vez na América', todos gangsters.
O Miguel Coutinho, o João Reis (outro valoroso que infelizmente já não está entre nós) e o Vitor (que será feito desse Vitor?). O João Brás era o pai.

Creio que a Isabel Alves quis fazer uma crítica à relação homem-mulher, com o domínio do primeiro e a submissão da segunda. 
Era também sobre o facto de não haver pessoas boas e pessoas más, mas apenas pessoas, todas de coração e cabeça cheios, de virtudes e de defeitos. E ainda bem. 








domingo, 5 de outubro de 2014

O Café de Fassbinder - GRETUA 1990

Este foi certamente o meu papel mais arrojado, e a peça mais incrível e mais experimental em que tive o privilégio de participar.

O café, de Rainer Werner Fassbinder / GRETUA - Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro. - Aveiro : GRETUA, [1990]. - 1 cartaz : color. ; 68x48 cm

Num mundo pós apocalíptico, num bunker, eu representava uma prostituta quasi-cibernética, vestida como uma espécie de pipi das meias altas, figurino concebido pelo Pedro Andrade. Este papel levou-me a rapar o cabelo e a pintá-lo de louro platinado, a pedido do encenador. Só arranjei coragem no último momento, na véspera da estreia.

Mas ainda bem que o fiz.

João Paulo Costa dos antigos Comediantes do Porto encenou. Trabalho fantástico, mesmo.

O palco era um gradeamento em ferro sobre um lago criado artificialmente nas catacumbas da Universidade de Aveiro, no qual era difícil o equilíbrio. Entre outras músicas o Klaus Nomi encoava, numa das cenas mais fortes, simulação estilizada do acto sexual https://www.youtube.com/watch?v=p_w5yNDRJKs, criando uma imagem e um jogo de sombras muito belos.

Os ensaios de preparação, antes do texto, foram muitas vezes ao som do Nick Cave, em canções como Tupelo.

Entravam a Claudia Stattmiller, o Miguel Coutinho, o Paulo Moreira, o João Brás, o Paulo Correia, o José Vaz Simão, a Teresa Grancho, ahhhhhhhhhhhhhh GRETUA daquele tempo.

O José Vaz Simão, presente nesta foto, morreu alguns anos depois num acidente de mota, quando já era um jovem e promissor actor da Escola da Noite, em Coimbra. Foi um dos actores mais incríveis que já passaram pelo GRETUA. Um pequeno monstro de palco.