Certamente já o conhecem e já o viram por aí.
Pois eu nunca tinha visto, nem ao vivo nem de perto.
Vi-o hoje, num espetáculo em Vila da Feira, em estreia, a
Velha.
Um génio de 21 anos de um tamanho enorme em palco e de uma
entrega absoluta.
Vi-o num espetáculo a solo,
despido de dogmas ou tipos de teatro, físico, cerebral, inteiro, de uma forma
que se vê perfeitamente que é ele que vai atrás do corpo e não o corpo que vai
atrás dele.
Tive também a oportunidade de
aprender uma imensidão de coisas com ele e de reencontrar e confirmar a linha
dentro do teatro que mais gosto de seguir, e que em tempos trabalhei muito.
A linha onde se ajusta o corpo. Corpo,
corpo e corpo. O corpo é a chave e o cérebro. É por ele e através dele que
evoluímos em nós próprios em cada minuto seguinte. Não precisamos de nos preocupar
com o minuto seguinte. O corpo sabe e guia-nos, se o deixarmos falar livremente.
E com sorte, desata a contar histórias ou simplesmente ajuda-nos a filtrar os dias com a paleta de cores mais adequada.
A palavra generosidade de alma
ganha um sentido novo através desta entrega do corpo, quase uma oferenda ou um
grito.
Uma oportunidade para deixar
falar o que somos e para sermos o melhor que podemos ser para os outros, quer
os outros queiram quer não.
O Rui tem apenas 21 anos mas tem
um imenso globo terrestre dentro dele e mais algumas constelações. E tem já a sabedoria de um génio antigo.
O que acabei de ver, um homem
jovem só no meio de um palco (não vou contar nada para não estragar a surpresa,
vão ver quando puderem, este espetáculo é diferente), a passar para lá de para
lá de para lá, mas permanecendo dentro dele e nós a ver, não se dá a
explicações.
Dá-se a deslumbramentos e a experimentações.